Criptomoedas

Tether congela US$150 milhões em USDT

Em mais uma notícia que agitou o mercado de criptomoedas, o Tether anunciou o congelamento de US$150 milhões em sua rede. O valor corresponde a saldos em stablecoin USDT. A empresa não divulgou qualquer motivo para fazer isso, mas ações de bloqueio desse tipo costumam ter relação com investigações de lavagem de dinheiro e crimes em geral, com as quais a empresa costuma colaborar.

Saiba a seguir o que já é conhecido sobre o caso e quais discussões ele tem suscitado na indústria de stablecoins – e de criptomoedas em geral. 

Tether bloqueou US$150 milhões em três endereços

Os US$150 milhões em USDT foram congelados por meio do bloqueio a três endereços da rede Tether. O Tether é gerido por uma empresa centralizada. Pode, portanto, adicionar endereços à sua blacklist sempre que suspeita de uma atividade irregular ou para colaborar com as autoridades.

Apesar de ações como essa não serem uma novidade, em relação ao Tether, o alto valor chama novamente a atenção para a questão da centralização da moeda. Esse é um assunto frequente quando se fala em stablecoins, devido à alegada necessidade de haver um controle maior para que se garanta a estabilidade do seu valor. No entanto, muitas pessoas alegam que um efeito colateral disso seria uma menor liberdade nas transações.

Defesa contra hackers

Apesar de não ter sido divulgada a razão por trás do congelamento mais recente, o Tether tem um histórico de bloqueios de endereços envolvidos em ciberataques. Quando ocorreu o hack KuCoin, em setembro de 2020, foram imediatamente bloqueados cerca de US$35 milhões em USDT, como forma de impedir os hackers de capitalizarem sobre o roubo.

A verdade é que o bloqueio mais recente está longe de ser uma raridade. A primeira ação do tipo ocorreu em 28 de novembro de 2018. Desde então, o Tether adicionou 563 endereços à sua blacklist. Desses endereços, 312 foram acrescentados à blacklist apenas no ano passado. Ou seja, o congelamento mais recente pode ter sido o primeiro realizado pelo Tether em 2022, mas dificilmente será o último do ano.

Colaboração com a justiça

Mas não é apenas como objetivo de preservar a integridade de sua rede que o Tether executa ações de bloqueio e congelamento de USDT. Como há uma empresa por trás do Tether, a rede acaba ficando muito mais exposta à interferência jurídica e policial. Em geral, os executivos por trás do Tether têm colaborado com a justiça. Principalmente, após se tornarem eles mesmos alvos de um processo nos EUA em 2021.

Por meio do congelamento de endereços em sua rede, o Tether tem sido capaz de recuperar fundos roubados por hackers, com origem investigada pela justiça ou que foram comprometidos por qualquer razão.

O Tether ainda conta com um recurso incomum em criptomoedas, que é a possibilidade de “reverter” transações para o endereço errado. Em casos assim, o Tether congela os fundos no endereço de destino, além de emitir USDT novo para o usuário que realizou a operação de forma errada. Essa é mais uma forma de garantir uma estabilidade maior na rede e no preço do USDT.

TerraUSD (UST) cresce como alternativa

Apesar de todas essas justificativas para o congelamento de USDT na rede Tether, a verdade é que muitos usuários veem com maus olhos ações desse tipo. Principalmente, os usuários que defendem uma liberdade maior na rede e que torcem o nariz para interferências de qualquer tipo.

É por isso que, apesar de o Tether manter-se (de forma disparada) como a stablecoin mais popular do mundo, algumas alternativas têm começado a ganhar maior visibilidade. Um exemplo disso é o TerraUSD (UST), que tem, atualmente, uma capitalização de US$10,6 bilhões – o que a torna a quarta principal stablecoin do mundo.

Essa capitalização ainda pode ser considerada pequena perto dos US$78,5 bilhões do USDT (que fazem dele a quarta maior criptomoeda, em geral). No entanto, uma afirmação recente do fundador do Terra, Do Kwon, tem atraído os usuários. Em resposta às notícias sobre o Tether, ele garantiu que não é possível adicionar endereços de UST a uma blacklist.

Conclusão: centralização x descentralização

Apesar das polêmicas, o Tether segue como a stablecoin mais popular do mercado. Como a maioria dos usuários não se vê ameaçada pelos efeitos da centralização do Tether, essa questão permanece restrita a um grupo menor de usuários. No entanto, isso não significa que o debate não possa ser reavivado futuramente, caso as ações do Tether se tornem mais frequentes ou polêmicas.

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